quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O Amor é tipo cor...

 
 
Quanto menos 'amadurados' nós estamos mais monocromáticos enxergamos o amor. Ele vem pela primeira vez na brandura da nossa meninice, na ‘graceza’ da nossa inocência e acreditamos ali depositar tudo o que é possível sentir.
"O amor é para sempre, se não for, nunca foi amor", repetia fervorosamente.
Aquele nariz petulante e arrebitado de menina metida a sabida estava completamente enganado.
Ainda bem!
'...Ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez', sábio Raul.
Amar em linha reta é uma tremenda desventura...
Sorte de quem ama do avesso, de ponta cabeça.
Felicidade de quem pode amar em loop.
Propício é amar gente torta.
Coragem é amar alguém que não caiba nos seus sonhos. Cazuza tinha razão, como são tristes os covardes.
Sorte de quem ama defeitos, ama a si e depois o outro, ou dois juntos e mais do que dois ao mesmo tempo.
Feliz daquele que nasceu amor e virou poesia ou nasceu poesia (como disse Manoel) e virou desamor, porque deixar de amar também é forma de amor.
E cada amor representa uma cor, do claro ao escuro, do frio ao quente e a gente vai sendo, de repente, um colorido cheio de gente.


terça-feira, 28 de outubro de 2014


Ei menino moço. O que é que você faz aqui?
Cavoucando até chegar no avesso meu?
Atordoando o meu eixo já fora do lugar?
O que te traz ao meu planeta tão quadrado pra me ajudar a arredondar?
A gente veio se cruzar e a amar mais pra cá do que pra lá.
Confundir daqui e acolá.
Embelezar essa vista esfumaçada.
E colorir a alma salta.
Quem é você pra me chamar aqui?
Me fazer entender e me ajudar a discernir?
De onde veio, Ra-paz?
E deixou aqui ou o que pra trás?
Vai pra onde?
Vai pra onde o querer te levar e fazer de mim boa cicatriz?
Não, fica seu moço. Fica por aqui pra acanhar.
Seguir comigo como der.
Ser qualquer coisa que se quer.
E nos servir de amor pra a-mar.

terça-feira, 16 de setembro de 2014


Mas se ele não aprendeu com a lição, tudo bem. Eu aprendi, aprendi que devo continuar sendo como sou, careta e fechada.
Depois de tudo isso eu só tive a certeza de que não é qualquer paixão que merece meu coração vulneravelmente escancarado.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014



Já faz tanto tempo que a gente se despediu, que nem me lembro do surto que me levou embora.
Não me lembro do seu tom de voz ao falar comigo e nem do seu toque.
Eu amei de novo, e a cada amor eu me lembrei do nosso amor fracassado, a cada felicidade eu me lembrei do quanto a gente não se fazia feliz e a cada dor eu me lembrei da sua displicência na pior parte da minha vida.
Pensei, tantas vezes, como era bom ter ido embora e não ter que carregar o peso da nossa frustração.
Me lembrei todos os dias que te esqueci, e agradeci todas as noites por ter deixado de te amar.
Até eu te encontrar... e meu corpo estremecer me fazendo acreditar que nenhum desses anos tivesse passado. Até o beijo que mirei na sua boca, ter obrigatoriamente que acertar o seu rosto e me doer tanto.
Faz quase uma década, e toda vez que eu te vejo eu tenho vontade de sussurrar no seu ouvido: "Ainda te amo, moço".
Nós nunca tivemos muita coisa incomum, eu com meus sentimentos aflorados e você com todos os seus sentidos retraídos. Foram mais conturbações do que felicidades e isso faz de você a parte mais ilógica da minha vida exata. Mas acontece, que seu aniversário ainda faz parte das minhas senhas, eu ainda guardo as nossas fotos, e me desespero ao saber de qualquer desventura que você esteja passando, sei qual o curso de pós-graduação você fez e sei, principalmente, a data que vai se casar.
E hoje eu desejo, depositando ao universo toda a minha sorte, te encontrar na fila do supermercado, com o tempo livre pra te convidar pra um café e te contar de todas as vezes que pensei em você, te perguntar de uma vez por todas o que você queria me dizer aquele dia. Dizer que eu te esperei todas as noites desde que a gente se foi. Que eu esperei você vir dizendo que a gente já estava pronto, que a gente já tinha amadurecido. Te convencer que ela não é a mulher da sua vida e que você devia largar tudo agora e vir, pra gente dividir, definitivamente, tudo isso que borbulha meu peito a cada vez que você diz: "Oi, moça". Queria te contar que lamento por ter acertado na previsão que fiz pra nós e que torço para que a sua previsão esteja certa pra nos encontrarmos depois de viver tudo o que precisamos viver.
Mas te digo, pela segunda vez: “Não demora”.
 
A espera detesta, esperar é perda de vida.
A espera é dor inevitável, no mínimo, quando você espera a alegria de retorno satisfatório será mansa, mas na verdade a decepção é quase certa.
Quando você espera, o mundo para, e as horas vão passando destemidamente devagar.
Ouve-se a respiração, sente-se o bater da agonia no peito, e cada piscada de olho te mostra mais covarde.
Quando você espera, anula todas as possibilidades de pulso, de sentido e tato.
Você espera e fica injustamente invisível.
Você espera, o momento pausa, silencia, 'entonteia' e cansa.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014



" Natural que eu esteja aqui, conto os meus calos sem expor os meus cortes. " (P.V)